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Lembra-se do valor do seu primeiro ordenado?

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Recorda-se do que fez com esse dinheiro? Durante dois ou três meses foi o que fiz. Lembra-se da sua estreia como sénior?


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Norte, centro e sul e como fomos campeões da zona centro fomos disputar o título com os campeões do norte e do sul, o Gil Vicente e o Farense; e o Filipovic permitiu que eu fizesse todos os jogos. Sobrava o lugar de defesa direito e sobrava eu. O que é verdade é que passados 15 dias era titular do Salgueiros.

Nunca tinha jogado a defesa direito.

Vitor Pontes em RIO TINTO (GONDOMAR) (Porto)

Pronto nunca mais saí daquele lugar, foi até acabar a minha carreira profissional risos. Acha que se perdeu um grande ponta-de-lança ou ganhou-se um excelente defesa direito? O marcar golos, o desfrutar de uma liberdade tremenda que depois como defesa direito Tive de reequacionar toda a minha forma de jogar e isso foi o que mais me custou.

Até mesmo em termos técnicos, eu era um jogador com uma técnica bastante evoluída. Tive de re-adquirir outros automatismos, outra forma de estar, jogar mais simples, mais a dois toques. E eu, quando jogava a avançado, gostava imenso de driblar os avançados. Tinha jeito. Quantos mais aparecessem mais driblava. Havia aqueles campeonatos inter associações, fui convocado duas vezes quando estava no Salgueiros para ir aos treinos, mas nunca fui selecionado para a equipa final. É um dos campeões do mundo de sub Uma rotura de ligamentos no pé. Depois retomei os treinos e fui ao Mundial.

Como surge entretanto o Sporting? Era um sonho do presidente Sousa Cintra porque queria juntar aquela fornada toda de jogadores do Mundial em Riade com os atletas de Vai daí foi-me buscar ao Salgueiros, no ano seguinte foi buscar o Capucho, ao Gil Vicente. Quem é que lhe deu a notícia, como é que soube? Foi o presidente do Salgueiros, o Carlos Abreu, que veio ter comigo e disse que tinha uma proposta do Sporting. Nem queria acreditar, foi uma alegria tremenda.

Nunca tive. Ele veio ter comigo, disse que o Sporting estava interessado. Aquilo foi uma pacote que fizeram, porque o Sporting na altura também se interessou pelo ponta de lança do Salgueiros, o Tozé. Recordo que o Sporting pagou 60 mil contos pela transferência dos dois. Ou seja mil euros. Nem discutiu ordenado, prémios?

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Fui sozinho falar com eles. Aceitei a proposta, o que eu mais queria era ir para o Sporting. Para os meus pais ver o filho sair de casa com 19 anos e ir para Lisboa Nunca tinha acontecido com filho nenhum. E, pela primeira vez ter o filho mais novo a sair e a ir logo para Lisboa Foi duro ir para Lisboa sozinho? Os primeiros tempos foram muito difíceis.

Muito boa. Aquilo tudo ainda parecia um sonho. Quando cai em si verdadeiramente? Quando comecei a ser titular. Aí senti o peso de envergar a camisola do Sporting. Adaptou-se bem à vida independente, sozinho? Custou-me imenso sobretudo no primeiro ano. O que mais lhe custou?

Passar o tempo. Em Lisboa tive de refazer tudo. Nunca cozinhou? Aí foi como que uma liberdade tremenda que eu senti.

Propriedades

Qual foi o seu primeiro carro? Um Lancia Dedra, a gasolina. Foi a liberdade total. Eu gostava imenso de andar em Lisboa de carro. Todas as artérias. Gostava muito daquele ar dos bairros típicos. Que amigos faz em Lisboa? Exteriormente era muito raro fazer amigos. Quando cheguei tínhamos uma coisa muito boa, íamos sempre comer ao restaurante do pneus, em Bucelas. Maioritariamente os mais novos da equipa. Gostava muito do Sousa Cintra, era uma pessoa sui generis. Para os jogadores era muito amigo.

Na época de estreia tem o Marinho Peres como treinador, certo? No início colocaram-me a titular, mas cedo me retiraram a titularidade. Porque se calhar sentiram alguma dificuldade em mim para incorporar o 11 inicial nesse ano.

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A seguir vem Bobby Robson com o Mourinho como adjunto. A época seguinte acima de tudo foi diferente em termos de mentalidade e de objetivos. Veio uma pessoa com muita, muita qualidade em termos de treino e mentalidade. O Bobby Robson revolucionou muito. Era um treinador conceituado.

Levava a que os atletas se entusiasmassem com o treino. Depois em termos de mentalidade era uma mentalidade muito ganhadora. Se eu posso fazer , , tenho de o fazer". E isso era um clique muito grande naquele status quo. Talvez o professor Carlos Queiroz. Que é o treinador na sua terceira época no Sporting. É uma pessoa muito rigorosa, muito metódica, vai aos pormenores mesmo, quer individuais, quer coletivos. Os métodos eram muito diferentes dos do Bobby Robson? O professor Carlos Queiroz é mais pedagogo, gosta mais de passar o tempo a explicar as coisas em pormenor, individual e coletivamente, é mais professor.

Mais curto e mais conciso. O professor Carlos Queiroz quer controlar todos os itens do futebol, todos os fatores do jogo, todos, e para isso é preciso tempo. Esteve cinco épocas no Sporting. No meu tempo estivemos por duas vezes perto de ganhar o título. Mas igualmente se deve a alguns erros de arbitragens que nos prejudicaram.