Contrato de namoro Serpa Portugal

O Contrato de Namoro é uma das espécies de contratos ainda pouco comentada pela doutrina, porém há uma boa procura de elaboração.
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Eu vivia muito bem entre os homens, nunca tive problemas de viver entre eles, eram muito amorosos comigo, mas eu era distante, cerimoniosa e estava sozinha. O casal que vivia connosco, cuja mulher era uma excelente comunicadora, foi-se embora e aí fiquei mesmo muito sozinha. Nestas terras ao grupo das mulheres legítimas, juntavam-se as outras. Mesmo no Béu uma pequena aldeia com dez casas, cinco famílias , as necessidades dos cento e cinquenta homens criaram aquelas quatro ou cinco cubatas, um pouco à parte.

Só podia andar um quilómetro para baixo e outro para cima, ou menos ainda, estava farta.

Serpa Informação n.º 135/agenda de abril 2016

Era tudo um sufoco. Numa terra imensa, rica, fecunda. Por isso, o nosso quotidiano era habitado por um medo pequeno, fininho e vago, infiltrava-se na vida, descaradamente. Durante o dia afastava-se com a crueza da luz, a segurança dos gestos repetidos, a companhia dos outros. Mas de noite os ruídos tinham significados diferentes, as sombras cobriam de perigos desconhecidos o que nos rodeava. Este medo coexistia com uma vida totalmente despreocupada, sem quaisquer regras ou precauções especiais. Era um medo por dentro. Durante uma parte desses três anos e meio, pode ser ao princípio, pode ser ao fim, o medo aumenta muito.

Penso que para uma grande percentagem de homens portugueses, de rapazes, a guerra foi um prolongar de brincar aos soldadinhos, um jogo organizado, com inimigo, armas e tudo. Alguns assustaram-se, vieram doentes, sem braços, sem pernas, sem cabeça, muitos.

Muitos, muitos. Essa tinha sido em geral violentamente rompida por nós. Mas talvez as pequenas histórias expliquem parte das coisas. Um dia o meu marido veio buscar-me a casa para eu ir ao hospital. Tinha entrado uma menina muito mal e ninguém sabia o grupo sanguíneo da criança. Uns tempos depois, uma tarde bateram à porta. Era uma mulher com uma criança ao colo, um sorriso embaraçado. Tinha levado o filho ao hospital uns dias antes. Esta é a parte mais importante das minhas histórias da guerra.

Última Hora

Tinham que caminhar horas, dias, ou serem transportados pela família. Lembro-me que uma noite ouvimos uns apitos, uns carros, e pouco depois, uns murros na porta. Abrimos logo, e era um homem completamente desvairado. O homem foi a correr com o meu marido para o hospital, e o nosso amigo, que era o médico do sono, foi também a correr. Fiquei com a mulher dele, ambas preocupadíssimas, pensando no que é que aquilo poderia desencadear.

Para eles a comunidade militar era muito vista como a soldadesca. Por isso, estas populações passageiras eram duplamente perigosas, desestabilizavam as relações económicas e sociais. As casas vazias que eram alugadas às famílias dos militares ou mantinham-se vazias ou passavam de militar para militar. Esforçados eram os negros, como por exemplo, a filha de um dos enfermeiros do hospital. Era excepcionalmente esperta e esforçava-se muito, queria aprender. Teoricamente, os professores davam tudo, do 1. Where is my Romeo? Mas o que é que estou aqui a fazer? Era o que muitos se perguntavam, creio.

Ou melhor, viviam antes um tempo intermédio, inconsistente, entre um passado e um futuro igualmente mitificados. Era um tempo de engano. Para que lado pender? Ouvir a propaganda proteccionista do branco português? Passar a viver à margem da tropa portuguesa? Arriscar miséria ainda maior com os clandestinos, aderindo a um dos grupos organizados?

O que pensariam as mulheres deles quando nos viam chegar ao lado dos soldados? Dar voz às humildes mulheres dos soldados, a trabalhar nas lojas ou sabe Deus em que mais, essas completamente isoladas, porque eram raras. Como se alguma coisa pudesse ser pacífica. Em si próprias penso que tentavam anular a violência dos sucessivos desterros. Assim conheci a face escondida, delicada e rica de muitas mulheres vulgares e aparentemente sem interesse. O marido deixou-a em casa dos pais, à espera de uma criança. Mas o bebé perdeu-se, ainda a caminho. A coincidência deixou-o desvairado.


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Entretanto um colega veio de férias e foi ter com ela. Vinha do Norte de Portugal e era simultaneamente de uma grande doçura e de um imenso despacho. Os homens adoravam-na. Parecia ali posta para os ajudar a continuarem a ser pessoas verdadeiras. Sempre que podia vinha-me visitar a Maquela do Zombo. Mas a presença delas dependia também muito da idade dos filhos e das vidas escolares.

Habitualmente, iam às escolas locais que eram péssimas. Era uma vida burguesa completamente organizada. Eles saíam do quartel e iam para casa que às vezes era dentro da cerca do quartel , com a naturalidade de quem sai do escritório, com a naturalidade de quem se mete no carro.

Em destaque

Elas humanizavam, desdramatizavam, simplificavam as coisas e essa foi uma arma muito habilmente utilizada pelo regime. O helicóptero em que o marido dela ia caiu. Morreram todos. Lembro-me ainda de um outro caso significativo. Éramos colegas desde o liceu. Ela apaixonou-se loucamente por um oficial de carreira. Imagino-os sempre ligados por um amor que nenhuma geografia ou nenhum modo de viver abalaria. Nunca mais nos vimos. Mas ainda hoje penso, perplexa, como se pode uma pessoa apaixonar por um oficial de carreira?

Suprema veleidade, loucura, inconsciência. Tudo diferente, pessoas, clima, terra. Seria da idade, ou por termos as cabeças mais vazias ou mais tontas, ou porque queríamos apenas mansamente sobreviver àqueles dois anos? Seria por mais capacidade de sofrimento ou por menos de livre arbítrio? Assim aqueles que estavam em Angola, como era o nosso caso, receberam as visitas dos pais e o resto das pessoas esperaram uns dias em Luanda.

Os pais do meu marido chegaram a Maquela do Zombo num dia em que desabou a maior tempestade de que tenho memória naquela zona. Imagine, a inocência, a naturalidade com que tudo era feito. Lembro-me do ar completamente perplexo do pai do meu marido.

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Onde é que os meus filhos vivem? Onde é que eu vim parar?

UNIÃO ESTÁVEL

Coisas que aconteceram por acaso ou mesmo por engano. Uma tarde ouvi um som e cheguei perto da janela.


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Um rapaz vinha a tocar quissange pela rua, seriam assim as harpas dos anjos? Ele apenas vinha andando e tangendo com os dedos o quissange, passou debaixo da janela e acabou por desaparecer no outro topo da rua, levando com ele o som celestial. Tal como quando o tocador de quissange desapareceu ao fim da rua. Sabe, agora, nós as mulheres, quase de repente, falamos todas mais daquele tempo, com outra seriedade e outra distância, apesar dos sustos que apanho com o que vou ouvindo.

Como se as verdadeiras razões que nos levaram viessem inevitavelmente ao de cima. Ou talvez porque sentimos o tempo a fugir, o fim da vida a anunciar-se. Quando éramos pequenos, muitos adultos ensinavam-nos a pesar sempre o bem e o mal. Começamos agora a desconfiar que só existem como um princípio abstracto, mas todo poderoso; queremos em geral firmar um qualquer acordo que nos garanta uma plataforma de paz, um compromisso. Preferimos ter pena ou desejar ardentemente que certas coisas tivessem acontecido de outra maneira e, talvez por isso, procuramos eco nos outros, quase secretamente comparamos as posições interiores, as afinidades e as diferenças.

Seria uma violência que só um medo de tamanho igual justificaria. E a isso ninguém estava disposto.